radicalmentelivre

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

solto reparo

Subi ao Monte do Crasto
Triste e desolado fiquei
Vi espetado aquele mastro
Comovido até chorei

Aquele mono no alto está
Enterrado ao lado da capela
É tão feio aquilo lá
Merecia mesmo uma sacudidela

O acesso não tem dignidade
Está todo esburacado
A subida é uma dificuldade
Os autarcas tem-no desprezado

Por ali abunda
Muito lixo espalhado
O prevaricador da barafunda
Deveria ser multado

O espaço deveria ser atractivo
Para o visitante lá subir
Torná-lo-ia convidativo
Para um belo sonho emergir

Fiquei deveras desolado
Com tanta porcaria
Local tão abandonado
Retira-lhe toda a alegria

O espaço deveria estar dotado
Com mesas e bancos em granito
Ficaria o visitante sossegado
Para melhor relaxar o espírito

Em 15 de Agosto
Dia de romaria
A junta não tem gosto
Da limpeza naquele dia

No dia da romaria
Ficam desolados os romeiros
Ao ver tanta porcaria
Não é fácil saborear os merendeiros

Ao Monte do Crasto subi
E Neiva visualizei
A freguesia pouco sorri
O desordenamento censurei

O espaço industrial
D’arquitectura desenquadrada
À freguesia fizeram tão mal
C’atmosfera tornou-se conspurcada

Freguesia com espaço reduzido
E com mui pouco investimento
O manto arbóreo foi ferido
A junta é um desalento

Aos membros da autarquia
Vaidade não lhes falta
Interessados apenas na maquia
Ainda gozam com a malta

© Sá Mota. Dezembro 2006

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domingo, 27 de janeiro de 2008

Rimas "grotescas"

Nas campanhas
Prometem muitos benefícios
São tantas as artimanhas
Não passam de malefícios

Nessa altura de campanha
Opovo não é esquecido
Percorrem as aldeias Vilas, cidades e feiras
Cantam-nos o fado do bandido

Nas aldeias, vilas, cidades e feiras
Somos todos iguais
Falam com tanta matreira
Vão para o governo
Já somos desiguais

Neste executivo ‘socialista’
O trabalhador é enganado
O governo protege o capitalista
Roubam-no até ao último centavo

O governo do PS
É a direita a governar
O trabalhador não merece
Que o continuem a maltratar

Neste país de tecnocratas
Está tudo sob controlo
Disfarçam, vestindo gravatas
E comem-nos até ao miolo

Hipócritas são o que mais há
Neste nosso Portugal
O governo do Sócrates lá está
Para nos dar muito festival

Esse festival não é o popular
É deveras o de massacre
Aterroriza-nos só a falar
E até nos mata a saque

CDSs, PSDs e PSs
São todos iguais
Até na rima dos ss
Se associam p’rás benesses

Maluco é o eleitor
Nas urnas dar-lhe maioria
Não terão grande louvor
Ao escolherem esta porcaria

Claro que o povo também
Tem responsabilidade
Quando escolheu alguém
Que lhe tira a identidade

Sabem que não é mentira
O que aqui retrato
Não nos dão comida
Já nos partiram o prato

Está tudo como antigamente
Espalhado por este país
A corrupção e vigarice
São ensinados desde petiz

Nesta sociedade matreira
Os trabalhadores já são de 2ª
Tiram-lhe os euros da algibeira
Põem a malta moribunda

Os aumentos são desiguais
Neste canto de burlões
Os malandros ganham demais
Safam-se sempre os aldrabões

Nova categoria surgiu
Em qualquer local de trabalho
Vão pá puta que os pariu
Vão todos pró caralho

Sorriem por tudo e por nada
Cada vez mais querem pular
Esta corja acanalhada
Ameaçam-nos com faca e alguidar

Falta de cultura, ética e aprumo
Seguem a literatura da telenovela
Infelizmente é este o rumo
Da moral da lapela

[sá mota Dezembro de 2006]

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Sentimentos de revolta

Nesta quadra que atravessamos
Esbanja-se em demasia
A solidariedade que falamos
É de tamanha hipocrisia

Solidariedade! Servir-se desta, porquê
Nesta época de Natal
Se o pobre nada vê
Para os ricos é um manancial

Não fugimos à realidade
O que se faz nos 12 meses
É tanta falsidade
Da balela dos burgueses

Abraçam-se socialmente
Imposturice não lhes falta
Nas fábricas consecutivamente
É coices e pontapés na malta

Os patrões têm os pobres ao seu dispor
Exploram-nos com toda a crueldade
Usam-nos nesta época com fulgor
É tanta hipocrisia e falsidade

É com estes oportunistas
Que temos de coabitar
Até se afirmam socialistas
Servem-se dos pobres para governar

Os ricos com tanta ganância
Roubam tudo aos pobres
Prometem-lhes abundância
Mas não lhes pagam os cobres

Poderão chamar-me louco
Será o que pareço
A revolta não é dum mouco
É constatação que conheço

Não me venham com hipocrisias
Seus beatos de lapidão
Estas minhas manias
São conhecimentos com razão

Não é mentira o que escrevo
Nestas quadras de revolta
Pretendem fazer-me de cego
Mas o tirano já anda à solta

O poder é a desumanidade
Nesta democracia musculada
Criaram a desigualdade
Já nos oferecem porrada

Nos vários locais de trabalho
Já se não pode opinar
Só falta bater com o malho
Escravidão está a regressar

O capitalismo tudo criou
Terrorismo é o que está a dar
A exploração do capital voltou
Os direitos são para retirar

A palavra trabalhador
Praticamente, não existe
Substituída por colaborador
O empregador com o termo insiste

© Sá Mota. Dezº2007

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